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Juliana e Dom Jorge

 

Era uma brincadeira infantil tipo ópera com três personagens, D. Jorge, Juliana e a mãe da Juliana. Muito comum nas Comunidades do Pântano do Sul e Armação.

 

O diálogo do romance é todo dramatizado numa roda infantil.

Juliana e Dom Jorge Versão 01

 

 

 

 

-O que tens, Juliana

Que estás tão triste a chorar?

-Mamãezinha, não é nada

D. Jorge vai se casar

 

-Eu bem disse, minha filha

Que largasse de amar,

Que D. Jorge tem o costume

Das mocinhas enganar.

 

-Lá vem vindo o seu D.Jorge

Montado no seu burrinho,

Vem trazendo cinta preta

Pra pertá no seu corpinho.

 

-O bom dia, seu D.Jorge

Subi que ia se casar?

-É verdade, minha prima,

Eu vim lhe desenganar.

 

-Espera um pouco seu D.Jorge,

Vou subir no meu sobrado,

Vou buscar um cálice de vinho

Para ti tenho guardado.

 

-Não sei que tenho, Sá Juliana,

Estou com a vista escura,

Não enxergo meu lazão,

Não enxergo meu lazão.

 

-O que tem minha filha?

Que o sino tá a bater?

-Fui eu que matei D.Jorge

Não sei como hei de fazer.

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 02

 

 

 

 

-O que tens, ó Juliana,

Que estás tão triste a chorar?

-É verdade, ó minha mãe

Que D.Jorge vai se casar.

 

-Não te disse, minha filha

Não quiseste acreditar,

Que D.Jorge tem por costume

A toda moça enganar.

 

-Bom dia, ó Juliana

Bom dia, como tem passado?

-Bom dia, senhor D.Jorge,

Estou boa, muito obrigado.

 

-É verdade, ó D.Jorge,

Que o senhor vai se casar?

-É verdade, ó Juliana,

Vim aqui pra te convidar.

 

-Espera um pouco, D.Jorge,

Que eu suba no meu sobrado,

Vou buscar um copo de vinho,

Que pra ti tenho guardado.

 

 

 

 

 

 

-Que puseste, ó Juliana,

Neste cálice de vinho,

Estou com a vista escura,

Não enxergo o meu caminho.

 

-Não enxergas o teu caminho,

E nem hás de enxergar;

Não quiseste casar comigo,

Nem com outra hás de casar.

 

-Deus te salve, ó Juliana,

Deus te dê a salvação;

Pois não vês que somos primos,

Não podemos casar não.

 

-Até logo, ó Juliana,

Até o dia do Juízo!

-Até logo, ó D.Jorge,

Deus te dê um paraíso.

 

-Já morreu, senhor D.Jorge,

Já morreu, já se acabou;

Ao menos um gosto eu tive,

Que com outra não se casou.

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 03

 

 

 

 

O que tu tens, ó Juliana,

Que estás tão triste a chorar/

-Mamãe, eu soube notícias,

Que D.Jorge vai se casar.

 

-Eu bem te disse, ó Juliana,

Não quiseste acreditar,

Que D.Jorge amava outra

E vinha só pra te enganar.

 

-Juro por Deus, minha mãe,

De D.Jorge hei de me vingar,

Ele não casa comigo

Nem com outra há de se casar.

 

-Mamãe, lá vem D.Jorge

Montado no seu cavalinho,

Com seu cinto de prata,

Apertando seu corpinho.

 

-Boa tarde, ó Juliana!

-Boa tarde, ó D. Jorge!

-O que você tem, ó Juliana

Que está tão triste a chorar?

 

-Se é verdade, D. Jorge,

Que você vai se casar?

-É verdade, sim, Juliana

Eu vim pra te convidar.

 

 

 

 

 

 

Com licença, D. Jorge,

Até subir no sobrado,

Buscar um cálice de vinho,

Saúde do teu noivado.

 

-Ó Juliana, ó Juliana,

O que puseste no vinho?

Desde a hora que eu tomei,

Não enxerguei o caminho.

 

-O vinho que tu me destes,

O que foi que pôs na mistura,

Que quero ir-me embora,

Que está me dando tontura.

 

-O gosto que eu tenho,

Daqui você vai sair,

Direito pra sepultura,

Direito pra sepultura.

 

-A minha mãe pensava

De ter seu filho vivo,

-A minha também pensava

Que você casava comigo.

 

-O sino da matriz bateu,

Quem será que morreu?

-O meu querido Jorge,

Que a morte ele mereceu.

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 04

 

 

 

 

Ó Maria, ó Maria,

Que vive triste a chorar!

-É Jorge, minha mãe,

Que com outra vai se casar.

 

-Ó mamãe, lá vem o Jorge,

Amontado no seu cavalo,

Vem com uma fita verde

Na cintura bem amarrado.

 

-Boa tarde, ó Maria,

Em sua rede bem sentada.

-Boa tarde, ó Jorge,

Em seu cavalo amontado.

 

-É verdade, ó Jorge,

Que com outra vai se casar?

-É verdade, ó Maria,

Vim aqui te convidar.

 

-Espere um momentinho,

Enquanto eu subo no sobrado,

Vou buscar um copo de vinho,

Que pra ti tenho guardado.

 

 

 

 

 

 

Ó Maria, ó Maria,

O que puseste neste vinho,

Que eu estou com a vista escura

Não enxergo mais o caminho.

 

-Tu não enxergas mais o caminho

Nunca mais hás de enxergar,

Não casaste nem comigo

Nem com outra casará.

 

-Ai, morreu o Jorge

Pra mim tudo acabou,

Não casaste comigo

Nem com outra não gozou.

 

-Prenderam a Maria

Na cadeia da prisão,

Ela chorava  maguadamente

Num quarto de escuridão.

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 05

 

 

 

 

O que tens, ó Juliana,

Que estás tão triste a chorar?

-Estou triste, ó minha mãe,

Sinhô Jorge vai se casar.

 

-Bem te disse, minha filha,

Não quiseste acreditar

Sinhô Jorge tem costume

Das mocinhas enganar.

 

-Lá vem vindo Sinhô Jorge

Montado no seu cavalo.

-Deus te salve, ó Juliana,

Deste tempo encantado.

 

-É verdade, Sinhô Jorge,

Que com outra vai se casar?

-É verdade, Juliana,

Vim aqui te convidar.

 

 

 

 

 

Espere um pouco, Sinhô Jorge,

vou subir no meu sobrado,

Buscar um copo de vinho

Pra festejar seu noivado.

 

-Que puseste, Juliana,

Misturado nesse vinho?

Estou com a vista escura,

Não enxergo o caminho.

 

-Se não enxergas o caminho

Nunca mais enxergarás,

Não quiseste casar comigo

Nem com outra casarás.

 

-Já morreu o Sinhô Jorge,

Já morreu, já se acabou,

Esta foi minha vingança,

Que com outra não casou.

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 06

 

 

 

 

Onde vai o seu D.Jorge,

Montado no seu cavalo?

-[Vim aqui para dizer-te

Que amanhã vou me casar (bis)]

 

2-Espera um pouco, seu D.Jorge,

Enquanto vou lá no sobrado,

[Vou buscar um copo de vinho,

Que para ti tenho guardado (bis)]

 

 

3-Que fizeste, Juliana,

Neste teu copo de vinho,

[Estou tão escuro da minha vista

Que não enxergo o caminho (bis)]

 

4-Morra, morra seu D.Jorge,

Que pra mim já se acabou,

[Mas ao menos estou vingada,

Que com outra não se casou (bis)]

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 07

 

 

 

 

Onde vai o seu D.Jorge,

Montado no seu cavalo?

-[Vim aqui para dizer-te

Que amanhã vou me casar (bis)]

 

2-Espera um pouco, seu D.Jorge,

Enquanto vou lá no sobrado,

[Vou buscar um copo de vinho,

Que para ti tenho guardado (bis)]

3-Que fizeste, Juliana,

Neste teu copo de vinho,

[Estou tão escuro da minha vista

Que não enxergo o caminho (bis)]

 

4-Morra, morra seu D.Jorge,

Que pra mim já se acabou,

[Mas ao menos estou vingada,

Que com outra não se casou (bis)]

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 08

 

 

 

 

O que tens, ó Juliana,

Que está tão triste a chorar?

-Ó mamãe, soube notícias,

Que D. Jorge vai se casar.

 

-Bem te disse, ó Juliana,

Tu não quiseste me ouvir,

Que D. Jorge tem costume

Das mocinhas iludir.

 

-Juliana, Juliana,

Vai-te à porta sentar,

Que não leva meia hora,

Que D. Jorge vai passar.

 

-Minha mãe, lá vem D. Jorge,

Montado em seu cavalo,

Vem de terno amarelo

E seu lencinho dourado.

 

-Ó bom dia, Juliana,

Como tu tem passado?

-Bom dia, senhor D. Jorge,

Eu vou bem, muito obrigado.

 

 

 

 

 

 

D. Jorge, eu soube notícias,

Que com outra vais casar?

-É verdade, ó Juliana,

Vim aqui pra te convidar.

 

-Espere um pouco, D.Jorge,

Vou subir no meu sobrado,

Vou buscar um copo de vinho,

Que eu pra ti tenho guardado.

 

-Juliana, ó Juliana,

O que puseste neste vinho,

Estou tão com a vista curta

Já não enxergo mais o meu caminho.

 

-Se não enxergas  teu caminho

E nem é para enxergar,

Não quiseste casar comigo,

Nem com outra casará.

 

-Lá vem vindo o delegado

Com dois soldados ao lado,

Vem prender a Juliana

Que matou seu namorado.

 

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 09

 

 

 

 

Que tens, ó Maria Grácia

Por que estás triste a chorar?

-Não é nada, ó minha mãe,

O seu D. Hélio vai se casar.

 

-Eu bem te disse, ó minha filha,

Tu não me quiseste ouvir.

O seu D. Hélio tem a mania

Das mocinhas iludir.

 

-Lá vem vindo seu D.Hélio

Montado no seu cavalo

-Bom dia, Maria Grácia,

Como é que tu tens passado?

 

-Eu já soube seu D. Hélio

Que com outra vai se casar?

-É verdade, Maria Grácia,

Eu vim pra te convidar.

 

 

 

 

 

 

 

Espere um pouco, seu D. Hélio,

Enquanto eu vou lá no sobrado,

Tenho um cálice de vinho

Pra você tenho guardado.

 

-Que fizeste, ó Maria Grácia,

Com este cálice de vinho,

Tenho minha vista escura

Não enxergo mais o caminho.

 

-Morreu, morreu o seu D. Hélio

Tudo já se acabou,

Por causa de dois amores,

Nem uma nem outra gozou.

 

-Lá vem vindo Maria Grácia,

No meio de dois soldados,

Vão prender a Maria Grácia

Porque matou seu namorado.

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Juliana e Dom Jorge Versão 10

 

 

 

 

O que tens, ó Juliana,

Que estás triste a chorar?

-Ó minha mãe, não é nada,

D. Jorge vai se casar.

 

-Lá vem vindo o seu D. Jorge

No seu cavalo montado,

Vem com semblante risonho

Anunciar seu noivado.

 

-Boa tarde, ó seu D. Jorge,

Eu vou subir no sobrado

Apanhar copo de vinho

Pra festejar seu noivado.

 

 

 

 

 

 

 

O que puseste no vinho?
Minha vista escureceu

D. Jorge caiu do cavalo,

Deu dois suspiro e morreu.

 

-Os sinos estão batendo

Será que foi que morreu?

-Foi D.Jorge, ó mamãe,

Quem matou ele fui eu.

 

-Já vem vindo dois soldados

Com suas armas ao lado,

Venham prender Juliana

Que matou um pobre coitado.

 

 

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Juliana e Dom Jorge Versão 11

 

 

 

 

Lá vem vindo o senhor D. Jorge

Montado no seu cavalo.

-Boa tarde, ó Juliana,

Por que estás triste a chorar?

 

-É verdade, senhor D. Jorge,

Que o senhor vai se casar?

-E verdade, ó Juliana,

Vim aqui te convidar.

 

-Espere um pouco, senhor D. Jorge

Vou subir no meu sobrado,

Vou buscar um copo de vinho,

Pra ti tenho guardado.

 

-Juliana, ó Juliana,

Que puseste neste vinho,

Me deixou a vista escura,

Não enxergo o caminho.

 

-Morra, morra, senhor D.Jorge,

Morra, morra que se acabou,

Nem comigo, nem com outra

O senhor não se casou.

 

Juliana e Dom Jorge Versão 12

 

 

 

 

O que tens, ó Juliana,

Que estás triste a chorar?

-Não é nada, minha mãe

Primo Jorge vai se casar.

 

-Bem te disse, minha filha,

Não quiseste acreditar,

Que teu primo tem costume

Das mocinhas enganar.

 

-Mas eu te juro, mamãe,

Que eu dele me hei de vingar,

Mas eu te juro, mamãe,

Que eu dele me hei de vingar.

 

-Lá vem vindo o primo Jorge

Montado no seu burrinho,

Ele vem tão sossegado,

Sem saber o seu destino.

 

-É verdade, senhor D. Jorge,

Que o senhor vai se casar?

-É verdade, Juliana

Eu venho te convidar.

 

 

 

 

 

Espere, senhor D. Jorge,

Enquanto vou ao sobrado,

Buscar um copo de vinho,

Que pra ti tenho guardado.

 

-Que puseste, ó Juliana,

Dentro do copo de vinho,

Minha vista ficou escura,

Não enxergo o meu caminho.

 

-Coitadinha de minha mãe,

Pensará ter seu filho vivo.

-Também minha mãe pensava,

Que tu ias casar comigo.

 

-Morre, morre senhor D. Jorge,

Que morrendo se acabou,

Nem comigo tu casaste

Nem com a outra ficou.

 

-Lá vem vindo a polícia

Acompanhada do delegado,

Vem prender Juliana,

Que matou seu namorado.

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